Riba International Prize foi concedido ao projeto das moradias para estudantes entre 13 e 18 anos da Escola da Fazenda Canuanã, na zona rural de Formoso do Araguaia – a madeira faz parte da estrutura
O projeto da moradia estudantil da Escola da Fazenda Canuanã, na região de Formoso do Araguaia, em Tocantins, foi o grande vencedor do Riba International Prize, um dos principais prêmios da arquitetura mundial. O resultado foi revelado no último dia 20 e agraciou o trabalho realizado em conjunto pelos profissionais do escritório Aleph Zero e pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum. O prêmio é concedido pelo Royal Institute of British Architects (Riba) para projetos de arquitetura inovadores e com impacto social significativo.
A moradia estudantil recebe 540 dos 800 alunos da escola, de 13 a 18 anos. Eles ficam no local porque teriam de percorrer grandes distâncias para estudar, o que inviabilizaria a formação para muitos deles. É uma escola em regime de internato mantida pela Fundação Bradesco há cerca de 40 anos.
Recentemente, houve o desafio para uma remodelagem da moradia estudantil, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos alunos e, como consequência final, impactar positivamente o desempenho educacional de todos.
Já existia um alojamento estudantil, mas os internos não consideravam o espaço como uma casa. Encaravam que moravam na escola. Os profissionais convidados a participar do projeto de uma nova moradia estudantil envolveram os próprios adolescentes e a comunidade para mudar isto, para “potencializar a ideia de pertencimento dos alunos a Canuanã. Desmistificar o status da escola como espaço somente de aprendizado e transformá-la em um território com valor de lar”, segundo os profissionais do Aleph Zero.
Entre as mudanças aplicadas está o tamanho dos quartos – cada dormitório passou de 20 beliches com 40 alunos para três beliches com seis alunos. “Com este ato de redução do número de crianças por quarto, pretendemos melhorar a qualidade de vida das crianças, sua individualidade e, por consequência, seu desempenho acadêmico”, aponta a equipe do Aleph Zero. Ao lado dos dormitórios estão os espaços de convívio, como a sala de TV, área de leitura, varandas e pátios.
Além disto, as novas vilas das moradias (são duas: uma masculina e outra feminina) ficam mais distantes da escola. Segundo o Aleph Zero, elas estão localizadas em “pontos estratégicos que guiam o novo crescimento da fazenda, organizando o território e possibilitando uma melhor leitura espacial e funcional da escola”.
Estruturalmente, a nova moradia reuniu diversos materiais e tecnologias sustentáveis. Houve a junção de técnicas locais, técnicas vernaculares e um novo modelo de habitação sustentável. As vilas foram construídas com Madeira Laminada Colada (MLC), que permite a fabricação de peças de grandes dimensões. Os produtos de madeira tiveram origem em florestas plantadas em áreas de recuperação. Segundo Marcelo Rosenbaum, em seu material de divulgação sobre o projeto, a MLC “possibilita curvas, seções variáveis e avanços que aumentam muito o campo de aplicação de madeira na construção”. A moradia estudantil também tem em sua estrutura tijolos de adobe (barro), além de uma grande cobertura metálica, que gera uma sombra generosa.
O espaço é todo vazado, sem paredes ou vidros. As divisórias são feitas de madeira, à meia altura, para facilitar a ventilação. As paredes aparecem apenas nas áreas dos dormitórios. Elas são mais espessas, feitas com tijolo aprimorado a partir do adobe, que influencia na troca de temperatura com o ambiente externo. Estas foram escolhas para ajudar os moradores em um local onde faz muito calor.
Mais informações podem ser obtidas clicando aqui e também aqui.
Por Portal Madeira e Construção com informações da BBC Brasil, do site Marcelo Rosenbaum e do Aleph Zero