Flexibilidade e maleabilidade da madeira são apontadas como diferenciais positivos
As casas antigas feitas com madeira em Curitiba tinham como uma das principais caraterísticas a tábua “mata-junta”, uma tecnologia trazida para a cidade com os imigrantes europeus. Com o passar dos anos, tanto as casas de madeira quanto a “mata-junta” foram sendo esquecidas. Mas por que não resgatar uma tradição para um projeto contemporâneo?
Foi isso o que fizeram os arquitetos Bernardo Richter, Fernando Caldeira de Lacerda e Pedro Amin Tavares, da Arquea Arquitetura. Os três se formaram juntos em 2007 pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e desde então trabalham juntos no escritório.
Quando eles pensaram na ampliação do espaço de trabalho, a madeira e o vidro foram escolhidos para a execução do projeto de um anexo. E, em uma das faces deste novo ambiente do escritório, a tábua “mata-junta” foi usada para fazer as vedações. “Para o projeto do anexo, nós pensamos em trazer esta tradição – que não é valorizada – e elementos que fazem parte da nossa cultura para a arquitetura contemporânea. Este é um elemento que sai da casa de madeira para entrar em um projeto contemporâneo”, explica Richter.

Equipe Arquea Arquitetos
Alguns dos trabalhos de destaque da Arquea Arquitetura têm a madeira como um elemento marcante. Exemplos disso são a Casa Vila, pelo qual os arquitetos receberam menção honrosa no prêmio Planeta Casa, em 2012, e o projeto Bituruna, no qual desenvolveram peças de mobiliário urbano a partir da madeira, um dos pilares da economia do município. Ou ainda o projeto inscrito no concurso para o novo museu Guggenheim, em Helsinki, em que os arquitetos previram uma cobertura em Madeira Laminada Colada.

local: São José dos Pinhais, PR / status: obra concluída / projeto: 2011
obra: 2011-2012
“A madeira é um material mais flexível, mais maleável”, lembra Richter, que fez mestrado em Arquitetura em Madeira pela Aalto University School of Science and Technology em Helsinki, na Finlândia, em 2011. “A madeira também tem a característica do aconchego. Existe uma sensação ao toque”, comenta Tavares.
Richter acredita que existem ainda algumas barreiras para o uso da madeira na construção, como o “preconceito quanto à casa de madeira”, que remete a uma residência menos resistente ou menos aconchegante. Ele lembra que, na época em que os três arquitetos da Arquea fizeram faculdade, a madeira era negligenciada entre os conteúdos do curso.
“Foram detalhes ruins e a falta de cuidado que fizeram com que a madeira ganhasse este preconceito. A madeira exige manutenção e bons detalhes de arquitetura”, salienta o arquiteto, enfatizando a potencialidade da madeira como material sustentável e a sua durabilidade.

Para criar a atmosfera primitiva, a residência foi fracionada, diminuindo assim o impacto inerente ao volume único na paisagem
Por Joyce Carvalho para o Portal Madeira e Construção